Thursday, April 17, 2008

bulimic aftermath

Minhas palavras são fugitivas.
Esses são os pensamentos que escaparam.
É o que eu pude revelar nos momentos em que a satisfiz,
o que eu deixo para quem deseje entender.

Nenhum glamour em rodar padarias ou supermercados comprando comida e escondendo na mochila.
Nem em desperdiçar meu dinheiro com comida e remédios enquanto eu poderia estar comprando cultura, ou algo que o valha.
Em comer tudo aquilo, comer até passar mal, até sentir que estou explodindo, até olhar no espelho e ver que pareço uma grávida: grávida de um supermercado.
Ficar de cara na privada e dedos na garganta.
Gostar do alívio quando finalmente consigo vomitar.
Na amidalite e estomatite causadas pelo ácido gástrico na minha garganta e boca.
Nenhum glamour em sentir dores insuportáveis no esôfago e estômago.
Nem nos meus dentes corroídos.
Ou nos sinais das minhas mãos consequentes do atrito com os dentes.
Nesse hálito de quem não come.
Nesse cansaço de quem vomita.

Bulimia não é um momento Kodak.
E eu definitivamente não sou uma modelo Calvin Klein.

É só isso que quero fazer entender.
Não tem nada a ver com ser a mais linda, e sim com não ser absolutamente nada.
Não é que eu queira morrer, é que sinto culpa em demasia por viver.
Quero estar na linha de frente, mas meus inimigos não declaram guerra: a Guerra Fria da minha mente.
Sou a resistência. Toda resistência está fadada a cair. ... Mas também a ressurgir, cedo ou tarde. Seja por mim, ou qualquer seguidora.

A comida destruiu minha alma e meu corpo.
A bulimia... destruiu minha vida.

A vida agora é mais curta. A espera foi longa.
Nenhuma salvação chegou.
Eu alimentarei o falcão.
Nada mais a ganhar. Nada a perder.
Você só é realmente livre quando não há mais nada.

Meus sonhos estão mortos.

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