Monday, October 27, 2008

I'd never dare to change the Rules...

O mundo em três cores, a vida em três atitudes.
Preto & Branco mentem, e Vermelho sangra-me.
Sento-me quieta, adorável e triste,
numa cadeira desse quarto-prisão que chamo de mente,
observo pela janela enquanto ela me domina inteiramente,
lágrimas corroem nessa espera que a doença enfraqueça;
que o espírito se acalme,
e que eu possa comandar-me novamente.
Já sinto tanta falta dos meus eus desse ano,
o de 1º de Maio, 25 de Julho, 24 de Agosto...
Minha vida em modo de espera: Controle
está de férias, e sem previsão de retorno.
Assim como espero o fim de uma Mágoa,
a o sonho, que sempre chega atrasado,
quando já é amargo demais para me fazer sorrir...

Nenhuma anfetamina tem sido capaz
de me salvar dessa impotência...
Eu já aguentei tanto, tanto!
Como algo tão simples pode me derrubar?
Estou absolutamente errada!
Tentam me consolar dizendo-me que estou certa,
mas não, não quero estar!
Quero vomitar como eu podia antes,
com toda a relutância em aceitar um destino,
essa realidade que desgosto!
Preciso voltar a ser a minha própria Resistência...

E o meu maior defeito, é esse senso de dívidas,
de ter algo mais que você a lhe oferecer,
de ser solicitada e comparecer,
explicar-me e te explicar o tempo todo,
tudo o que tens de saber - até o que eu não sei.
Sendo assim, o que escrevo não faz sentido,
é mais uma força capaz de auto-explicação.
Devo uma lista de satisfações
por cada ato, palavra, sentimento,
ah, eu nunca me deixaria em paz...
Tantas justificações me afligem,
cada gesto meu contém uma sombra de contenção,
um gatilho puxado e o covarde baixar da arma;
para cada frase uma pausa-silêncio,
onde furtivamente escondo um olhar de mentira.
Meu Sim é um desesperado Não dentro de mim.
Meu Não é o meu Sim resignado,
o que hesita vontades...

Friday, October 24, 2008

cartas: dos que ficaram para trás, presos

Já vêm as novas borboletas...
Batendo asas furiosas, jogam-te ao chão.
Tudo o que vivo fica ridículo um minuto depois.
As portas passam por mim, e então torna-se precioso.
As memórias recentes sempre me dóem tanto,
que prefiro vê-las como crônicas piegas.
Deixe que fiquem perdidas em uma página datada!
Ah, mas se eu supero essa dor de não ter vivido o suficiente,
aquele aroma de passado é tudo o que resta na consciência...
Rodopio pelo corredor empurrando alguns, abraçando outros.
1 milha, 2 milhas, 3 milhas... cadê a faixa de vitória?
Dane-se o cabelo desarrumado.
Dane-se as lentes sujas de areia.
Compromissos? Só sob recomendações urgentes...
Não esqueça óculos, sobretudos, chapéus, lenços.
Todo buraco é válido lá fora,
exceto aquele que cavo escondida aqui dentro.
Sou tímida e desorientada, não quero - não corro - não venço;
analiso os obstáculos que você pula.

Meu rosto por essa paredes demolidas!
Meus pulmões por um pouco de ar!
Minha vida para sair daqui!

Wednesday, October 22, 2008

Osen Vechna

Pisava delicadamente num cenário alaranjado,
com folhas amarelas, marrons, flores vermelhas,
e como o pôr-do-sol, seus olhos tinham o brilho do descanso.
Uma chuva gelada, um sorriso morno,
de mãos estendidas para o alto.
Girava em seu vestido branco, dançando com as folhas e o vento,
correndo por entre as árvores, machucando-se em troncos ásperos...
O tempo a pegou pelos pulsos e mostrou-lhe aonde ir,
nunca mais foi vista.
Nas histórias contadas em dor, não confiara!
Nem em dias frios e ventos maliciosos.
Disse-me que o Outono era Judas!
Que todos os olhos mentem, quando a ilusão
acreditam-na a Verdade.
Lembraram-se dela como uma selvagem,
corada pelo exercício de desbravar campos,
com espadas e livros.

Todo o caos de seu espírito foi dissolvido
num redemoinho de terra e folhas secas.
Toda a felicidade de sua vida ficou
contida em um sonho de Outono.

Não era uma traição; não houve arrependimentos
era a neve por vir, o adormecido ar cinzento;
era somente o fim, simples e certo.
Seria eternamente Outono,
se não ansiássemos ardentes o Inverno.

Saturday, October 11, 2008

Baixa Resistência

Você me disse que eu devia contentar-me,
que estava feliz, mentimos?
Sim, para que doesse menos.
Para que confrontando sua própria realidade,
a visão tão próxima dos seus sonhos lhe parecesse exigir demais
de uma vida... um tanto corroída.

Ando inquieta,
desesperada pela dinâmica que me falta
me fez tanto mal parar!
Parar e sentar aqui, dissecando origens e vontades.
Tudo errado! Uma linda mentira bem contada
- para si mesmo.
Agora, acabou de ver o que não existe.
É que branco e roxo é uma combinação tão linda...
E também não me importo.
Os minutos passam, meu peso aumenta -
quase um mês assim.
Queria voltar àquela sexta-feira Vermelha.
Foi a última vez que acordei certa,
e deveria ter sido a última a dormir errada.

Se eu resistisse,
se respeitasse o meu desejo,
com um pouco mais de paciência
porque dessa vez, estive muito perto.
Sei que construí um castelo fraco,
desmorono lentamente,
uma pedra solta-se a cada passo,
rola e desaparece
súbdita aos olhares sufocantes...

Estou baixa, estou fraca
confesso inúteis as minhas paredes!
Protejo segredos que nunca descobririam mesmo,
e abro-me para o que não quero?

Sem mais covardia, por favor.

Thursday, October 09, 2008

Ache o Que Não

Vagando nessa rede de restos eu me deparei com a pergunta: "As conseqüências valem a pena?"
Eu queria GRITAR a única resposta que perturba até algumas das minhas próprias perguntas: EU - NÃO - ESCOLHI.
Então começo a duvidar dessa resposta tão certa -
todos dizem o mesmo na terapia, "embora não tenha escolhido o passado, não escolheu ficar doente, mas que agora tem escolha! pode escolher recuperar-se, tratar-se, pagar-nos!" Será que isso vem escrito em algum manual de psicologia?

Posso?
Então me diga, Freud, em qual teoria pornográfica está a sex-key "Como recuperar-se de ter nascido."
Clarice me ajuda bem mais... nessas dificuldades de aprender a sentir humano.

Eu não quero sentir essa fome.
Eu não quero saciá-la.
Eu não quero querer.