Sunday, September 28, 2008

Náusea

A minha impressão era que nesses tempos,
eu já teria acabado com essa necessidade de circular.
E que a brincadeira seria nova!
Os anos passam e ainda me seguro,
passam, e ainda espero
passam por mim: cidades, trens, pessoas...
giro giro nesse carrossel, nesse carnaval
de um lado a outro, de um bloco a outro,
estão todos no mesmo círculo.
O que está dentro, e o que está fora -
transforma-se em uma só maquiagem borrada,
se sou apenas uma marionete, quem pintou esses olhos?
Lá fora, outros vêem o céu, com olhos estrelados,
nenhum semblante é tão grave quanto o meu.

Giro tão rápido, adrenalina me faz calmamente feliz,
nada mais...
A luz é um raio colorido, contínuo,
nada mais...
Os rostos são todos desfigurados, com dentes e gargalhadas,
nada mais...

Em mim, o mundo parou -
numa volta eterna, círculos infinitos,
sem começo, sem final -
vida cíclica, enjoada.
Por que eu espero que algo venha me buscar.
Descer parece-me perigoso,
talvez eu me perca pelo parque,
então nunca mais poderei achar o que procuro...

Andar sozinha ou girar sozinha?
Enjôo todos os dias.

Thursday, September 25, 2008

Estrelinhas

Hmm...
Seus olhos são espelhos d'agua
e brilham você pra qualquer um,
sinto ciúme, de longe, dessa luz...
que brilha a todos, e não brilha a mim
quando quero que sinta
a luz dessa estrelinha
escondida... que sou.

Hmm...
Que vontade de merecer
um cantinho do seu olhar,
ser um pedacinho especial da sua vida,
de rir das lágrimas bobas
e sorrir até chorar.

Hmm...
Mas tenho medo,
de você,
e esse seu jeito impossível
de se aproximar
tem sempre alguém ao seu lado.

Hmm...
Ás vezes, quero que saiba,
e mesmo que se assuste
não seria importante
ainda seria uma estrelinha,
como eu.

Hmm...
Talvez em outras constelações
criadas de imaginação
de meninas,
delicadas demais,
e brilhando...
dentro desse tempo tão errado,
com todos tão desencontrados.

Tuesday, September 09, 2008

Treasure Hunt - Love's Clue

O Amor... mas que garoto obstinado!
Não desiste de seu próprio sentido,
embora desacreditado.
Anda por aí, ditraído,
sussurando canções á esmo, rabiscando poemas,
...com suas roupas de cores sujas,
tão rosas, verdes e azuis, cinzas,
quantas cinzas! ...
pois o Amor tentou fumar um cigarro!
(Ah, a tentação, o proibido sempre lhe agradou! -
mas mero engano! Só lhe agrada o natural!
E além disso, o cigarro tinha um gosto tão ruim...
para o Amor, sempre tão doce.)
O Amor não sabe esperar, menininho ansioso!
Pensa que pode se encontrar quando quiser,
seu reflexo é claro - sua sombra é escuridão.
Ssshhhhh...! Fiquem quietos!
Não respire, só escute...
é que ás vezes o amor é tão quieto,
noutras - GRITA!
Grita tão alto que alguns preferem ser surdos.
O Amor é uma criança,
mas age como um velho sábio,
e tem hábitos de adulto,
disseram-lhe que deveria ser adulto,
hmmm... mas o Amor não escuta palavras alheias...
Mas que nada! Segue seu caminho,
sendo um garoto franzino, sozinho...
chorando, sorrindo, velando, tentando,
sempre, sempre buscando...
que seja pleno.

Amor senta-se no banco da praça,
encanta-se com as borboletas,
e colhe flores, indiferente, contente...
Enquanto isso, uma moça o observa,
sem saber que também é observada...
Alguém brinca com seus cachos e lhe diz:

- Veja aquele menino no banco...
- O que tem?
- Não sei, me parece tão fora de época...
- Por quê?
- É que está tão despreocupado, tão inocente...
- Sim, algo deve estar errado com ele.
- Sim ... ... deve estar com fome...
- Ás vezes penso que há algo de errado comigo.
- Está com fome?
- Não... é que...
- Também gostaria de estar naquele banco?
- Gostaria de segurar sua mão.
- Esse é o segredo, conte-nos mais!
- Eu conheço pouco...
- Acabou de encontrar mais uma das pistas...
- Sinto que já encontrei tantas... há tesouro?
- Encontrarás infinitas.

Monday, September 08, 2008

Aura Cristalina

Incontrolável tempestade se anuncia no céu, aquele sem promessas,
tão quente - tão vazio, e ah, como essa luz dói!
Vejo ruínas no espelho, desertos com rachaduras no solo,
mas o que é aquilo brilhando? Um oásis ou uma miragem?
São olhos submersos,
de nascentes terrestres e abandonadas a tanto tempo...
então tornaram-se oceanos (não pacíficos),
e depois uma Floresta virgem,
... mas toda chuva cessa, toda lágrima desidrata: e hoje, são pedras.

Veja, minha Katya,
como também és presa àquele sentimento infantil...
Venha, e me desmorone, tire peça por peça e queime estas fantasias,
até que não existam disfarces.
Escancare essa janela e me faça enfrentar a luz do sol,
esse medo de mudar,
perder-me dos meus cantos escondidos.

Ás vezes é doloroso encarar meu rosto aos prantos.
Mas não mais do que a falta dele.
Corro contra estes ponteiros inventados,
trazendo-me culpas inventadas...
E uma pressa, com gosto de remédio, ... de desconsolo.
Se eu conto as horas: são solitárias.
Se não as conto... então não conto com o tempo.
Concentro-me num só prisma - as cores dos que amo
refletidas em mim,
ainda que não vejam: minha aura torna-se colorida.
Então eu me guio...
até que tudo seja somente cristal,
como um lago - como a minha infância.

Friday, September 05, 2008

The Indigo Army

Qual a parte dessa dívida que eu ainda não entendi?
Paga em uma vida de abstinência, de esforços ilimitados...
O meu sofrimento, tomo-o por obsoleto, agora quero a parte secreta da brincadeira!

Mamãe está mais próxima, sempre imaginei que ela seria como os outros, que nunca veria sob a minha fortaleza, surpreende-me maravilhosamente que demonstre um certo conhecimento sobre o que sinto.
Penso que talvez ela também seja uma das pessoas especiais. "Os Escolhidos", como a partir de agora eu os denominarei.
Todo o meus passado torna-se precisamente claro, mostrando a sua própria necessidade, e com isso, deixam-me alguns fantasmas.

Por hoje, eu venci - uma lágrima secou - e uma sementinha de esperança brotou novamente!
O tempo é rápido, sinto a vida de 1 dia em 1 segundo.
Monólogos e diálogos confundem-se no meu pensamento... essas vozes são minhas?
Ainda ridiculamente fácil distrair-me entre rosas, profundezas e esquecimentos...
Um dia hei de recompensá-la, e ela a mim - isso é tão raro nesse tempo atrasado!

Quanto falta para para nos encontrarmos?

Tuesday, September 02, 2008

Vomiting Poetry

Tenho percebido certas atitudes erradas quanto ao caminho que vem surgindo para os meu pés, é como se isso tudo não fosse para mim, parece-me que me enganei quanto aos meus sonhos, já não tenho certeza até que ponto foi a minha voz que pronunciou estes sonhos, ou se foram as ordens desse exército na minha mente.
Se eu fosse mais leve, se pudesse enxergar meus ossos, se não estivesse presa á minha genética que passa a ser mais que uma simples herança - agora são fragmentos, e estes são fantasmas acorrentando-me a este cemitério de mágoas. ... Se eu pudesse sentir a minha essência, talvez me fosse permitido sentir as verdades que eu vomito... digerí-las, assimilá-las, e mudar radicalmente este caminho - que não é meu!

Até quando eu ficarei em busca de uma redenção, quando eu não sei qual foi o meu pecado?

Uma mão eu coloco sobre o meu coração, em uma tentativa boba e honesta de manter meus batimentos sob controle, de que ele agüente mais um pouquinho, só mais essa vez, a última... eu juro! Ah, quantas vezes já não as chamei de "Última"!
Da outra, escorrego meus dedos pela garganta e grito em pensamento tudo o que jamais teria coragem de dizer, e então sei que os meus segredos inconfessáveis irão me atravessar, rastejar esôfago acima, me corroendo, me fazendo sangrar... até que tudo o que eu ingeri à força tenha saído - até que eu já não agüente mais estar ali, curvada, encarando as minhas culpas - diluídas em ácido.

Se as paredes da cozinha e do banheiro falassem, diriam mais sobre mim do que eu jamais entenderei...