Friday, January 30, 2009

X

"Isolada do mundo por escolha própria, contraditoriamente, seu maior pavor continuava a ser a solidão."

Tuesday, January 20, 2009

Para que não me veja

Quis um pouco mais de privacidade, eu ando aterrorizada quanto a idéia de perder minha independência. É um temor que me deixa petrificada.
Eu estou triste. Há semanas eu ando por aí carregando o peso de não saber nada, sempre enjoada, sempre desejando vomitar minha vida. Não, não estou vomitando, afinal, todas as angústias que já coloquei para fora não me deixaram 1 grama mais leve.
Por anos eu dependi da minha criatividade para viver. Criava mundos, situações, com qualquer coisa que meus olhos pudessem ver eu criava uma história, e me inseria ali, por horas, dias, meses, anos...
Tive sonhos e os perdi. Quis pessoas e não as tive.
Eu quis tudo o que alguém pode querer e mais um pouco...
É que querer, é uma distração, é um sentido. Se você quer algo, você pode afastar seu sofrimento. Criar obsessões e insistir nelas até quando... nunca se sabe até quando.
E foi isso o que aconteceu comigo: a minha mente deixou de criar.
Eu deixei de ser um emaranhado de sonhos, emoções, uma criadora de coisas maiores que a realidade. Eu olhei profundamente e me encontrei! (Ah, como agora eu desejaria ter escapado disso! Se eu pudesse voltar atrás, eu correria dos meus olhos, se eu pudesse eu pediria pra esquecer que eu me encontrei!).

Porque eu encontrei o nada.
Encontrei um infinito branco, vazio e desesperador.
Há manchas de sangue nessa brancura aparentemente pura: sangue de outros que eu derramo, sangue que derramaram de mim, e o sangue das minhas lâminas na solidão, esse sangue que mostrou a vida que existia em mim todas as vezes que me senti morta.
Porque eu tenho tanta vida em mim, tanta vontade de SER e de ESTAR, que eu vivo sufocada por isso. Sei que sou cansativa, são todos esses meus assuntos que discuto, a tristeza, a complexidade, e a falta de explicações... Tudo isso cansa os outros. Cansa os que amam, e os que poderiam me amar.

Saturday, January 10, 2009

feitos em dias intragáveis

É algo com o que eu devo conviver todos os dias.
Não que a vida deva ser desperdiçada
em arrependimentos e memórias,
mas os rastros, os fatos,
não desaparecem no sono da amnésia.
Eu me lembro de uma carta,
há uns 7 anos atrás,
em que eu lhe contei os motivos
do que então eu havia chamado de
'Minha Nova Vida'.
Que mesmo então, já era velha...
Hoje ela está mais para algum tipo de erva daninha,
competindo com todos os bons frutos
que eu desejo tão forte, tão cruelmente,
... eu desejo como o pecado,
como quando criança eu costumava rezar.
E desejar milagres!
Ajoelho e rezo, ajoelho e vomito.
E outros que não me convém expôr.

Estou me procurando,
não não! Não me confunda,
dessa vez não procuro o que perdi,
ah, dessa eu já encontrei algumas partes;
outras admito deixar como perdidas
para sempre.
Talvez alguém ache,
e que sirva pra esse alguém,
e que lhe diga o que fazer...
ou o que não fazer.
Eu, hoje, não ligo. Você que se entenda
com ela, comigo, com a sua imaginação.

Estou me procurando,
um barco nesses olhos,
uma corda, um porto, um farol -
uma informação temporária.
Você vê? TEM-PO-RÁ-RIA.
Numa ligação que está por vir,
nos textos por escrever,
nas pessoas para conhecer e desconhecer.
São as entradas de diário que eu vou apagar.
Que serão queimadas quando eu tiver tempo.
Como eu entendo que são poucos!
Como eu já entendo que se expôr tem preço
CARO, mais caro do que qualquer ostentação material.
Como eu entendo que são poucos
os dispostos a tirar sua mente do caminho,
a desfazer seu método
e atirar no coração da sua crença.

Quem é o pai desse meu desamor pelo mundo?

Saturday, January 03, 2009

The fear of losing my so-called Identity

Chega um tempo
em que temos que crescer
de um jeito ou outro.
Qualquer resistência torna-se inútil...
O que vale a luz após o murchar das rosas?
Sempre grandes planos para outras vidas.
Estou há tempos em cima desse muro,
brinco de decisões dignas de um ditador
e quebro mais promessas que um democrata.
Não é isso que o meu próximo merece,
e nem o que eu mereço.
Eu lutei para ser Perfeita,
lutei para que tudo isso fosse um paraíso,
a minha e a sua vida em sonhos mágicos,
nas cores que eu escolheria a cada manhã,
e ao entardecer...
Eu estive disposta a acolher todos
que mergulhassem curiosos e se perdessem
por ter ido além.
Pois conheço bem as profundezas...
Então me disseram que não era preciso
tão dolorido auto-sacrifício para mostrar-me a Deus,
entregando-lhe meus feitos e arrependimentos
como um presente, especial como a caixinha de madeira...
Confesso ter considerado todos covardes!
Resignados na própria impotência
de serem excelentes...
Olho para os lados, vejo duas cidades,
serei eu agora igual a eles,
ou terá a vida me ensinado
que a tal perfeição é tão efêmera
que já passou?
Você só a vê no segundo durante,
e após vê-la, a primeira atitude é encontrar
um defeito, um motivo, e destruí-la...
Esses foram meus dias. Um trabalho
incoseqüentemente inútil
que pode desintegrar
toda a dignidade e resolução
do mais crítico niilista.
Toda essa divagação, eu posso explicá-la: é a tal
INDECISÃO, o medo de ser pêga implorando
por um pouco mais, ou o medo de ser
surpreendida pelo pouco menos que não,
não faz bela a tragédia.
Estou com uma trilha planejada, e um destino incerto.
Fico aqui e desapareço como uma criança
reclamando de memórias? Ou vôo pelo mundo
desaparecendo como pássaros no inverno?

Quando demasiadamente cedo entendemos o limite tênue
da presença sufocante do valor
ao vazio vertiginoso do desvalor,
mais tarde é preciso voltar ao início, e em seguida ao final,
só então será compreensível o modus operandi do presente,
o tempo deve possuir liberdade suficiente
para ir do passado ao futuro
e refazer o processo: isso vale - isso não vale -
isso vale - e etc.
É a educação da sensibilidade.
E a minha ás vezes pode ser tão rebelde...
Quero tudo e nada - não sou uma burguesa,
não sei ser educadamente ponderada
com o meu instinto ou qualquer coisa.
Gosto da semelhança entre princípios e precipícios...