Sunday, April 27, 2008

Not her, nor me..

Hoje eu a vi: lindamente opaca, reconhecida... flácida.
Mantenho o pensamento firme: devo abster-me de todas as fontes de prazer.
Eu não mereço o descanso, pois não cumpri meu dever, enquanto eu não honrar o meu próprio subtítulo, the best little girl in the world, devo abster-me até a morte.
O vazio é puro e arder até que o último desejo esteja seco é a cura.
A eterna tensão que paira no meu ar torna-se mais densa a cada dia,
assim como a inquisição desse choro convulsivo que estou sempre prestes a derramar
e esse abismo de euforia solitária que me segue em cada contato,
cada palavra ou gesto de atenção.
Todo o meu castelo emocional, construído com ênfase e dor, cartas e mais cartas,
veio abaixo porque você tocou no meu cabelo.

Acima de tudo, devo respeito a quem eu sou.
A quem eu me tornei com tantos anos de esforço e dedicação á esta sobrevida.
Um diminutivo. Uma alma de criança.
Não importa a definição, tudo isso ficou tão implícito em mim que se tornou maior que o meu antigo eu, que não passa de uma imagem, e não foi criado por mim.
Maysa não existe. É o que você pensa que enxerga, mas não está lá.
E eu devo manter o meu segredo, manter quem eu sou...
assim estarei acima de tudo, principalmente do meu corpo,
e dessa identidade falsa que sou obrigada a vestir.
Um dia, eu alcançarei o meu verdadeiro eu, seremos só eu e meus ossos,
e então todos porderão me ver... todos lembrarão do que eu fiz.

A minha meta deve estar acima de tudo. Eu morrerei enquanto estiver viva.
É necessário que eu me apresse, é o começo do final,
eu não acredito que possa sequer entender isso agora.
Mas algo é certo: esta é a decisão mais importante da minha vida,
quando eu decidi não mais comer, todas as regras mudaram.
Toda salvação me foi negada –
ontem eu desesperei até enlouquecer, hoje eu digo: ainda bem.
Não há nada além dessa hospitalidade hostil do trabalho pela própria excelência,
não há nada que possa substituí-la agora.

The deal is done. Sign it now.

Saturday, April 26, 2008

Desequilíbrio moral... á força.

O caminho de casa foi infernal, eu estive com medo o tempo todo, olhava para trás e para os lados para não ter certeza que haviam me seguido. Meus passos faziam barulho demais, eu sempre faço barulho demais. Não falo, porque não gosto, minha voz mente, e eu não gosto de mentiras, me repudia esse ser que mente em mim.
No entanto, me comunico perfeitamente por sons, gestos, expressões, e até por intuição. Até o ser menos desenvolvido em intuição que possa existir, ao meu lado, conseguiria desenvolvê-la, parece-me inconcebível a idéia de que não possam adivinhar-me por inteira! Eu sou tão óbvia...
E eu sou igual a você. Como assim você não consegue me entender?
Não tem nada de errado comigo, o erro está em você.
O erro está em todos que não desenvolvem a percepção de si mesmos.

Agora, questione-se. Eu não lhe peço mais nada. Não me leia, não me entenda, não gosto de mim... mas questione-se! E questione-me, porque eu serei sincera, e já lhe aviso: eu minto. Exatamente. Eu sou sincera porque minto. Se eu não mentisse, a verdade deixaria de existir, e eu seria esse ser mecânico... como eles.
Eles... os que mentem demais.

Cheguei em frente a minha casa, eu precisava entrar. Abri o sombrio portão...
Mas Deus, onde está quem me seguiu? Por favor, que não seja hoje.
Rezei, enquanto corri as chaves rapidamente.
Tarde demais, havia alguém me esperando á porta.

Friday, April 25, 2008

In The Forest

Eu amava-os. Todos os dias quando eu os via, meu estômago afundava, era contorcida por um sorriso incontido e a euforia de pentencer me aquecia, eu receava que percebessem a minha felicidade, nunca perceberam.
A minha doença é o Silêncio. Eu havia decidido que aquele ano seria diferente, romperia a barreira do meu vício em fantasias e acolheria o real. Mas em resoluções feitas em fantasias, não há base para os problemas futuros. É fácil demais voltar ao mesmo ponto. Eu me sentia escondida em uma cabana escura, eles eram minha floresta, havia um pequeno buraco na minha janela, imperceptível aos de fora, mas poderia conter todo o meu olhar, e de lá, eu os observava, e sorria... sorria por estarem lá. Eu tenho medo de luz, então quando os raios de luz clareavam, eu me abaixava e novamente me escondia, não os via então, mas não entristecia, a memória era suficiente.
Amava-os. Mas em momento algum considerei abrir a porta e sair ao seu encontro. Seria doloroso demais passar tão cheia de amor, e saber que não seria vista.
Porque eles se reuniam ali, eu nunca entendi. Eu lia os motivos em meus olhos, comigo era sempre muito fácil de perceber: sou transparente. E invisível, para alguns (para todos). Os olhos dos outros são mecânicos, olham para os lados sob algum chamado, nunca por curiosidade, e são olhos opacos, sonolentos. Eu procurava brilho, olhava a todos nos olhos, nunca viam os meus, e também eu já estava desistindo desse brilho, até que eu me perdi em águas esverdeadas... e cabelos de fogo. Eu a senti! Logo eu sabia que deveria acordá-la, minha Bela Adormecida estava viva, viva! Mas dormindo... dormindo em pé. Quem era eu para julgá-la? Ela dormia em pé, e eu sonhava acordada. Ela morria em vida, e eu vivia na morte. Eu precisava ensiná-la, e ela teria que ser a minha chave, ela teria que abrir esta minha porta.
A minha euforia atingiu o ápice, eu a vi na mesma hora e mesmo lugar que eu, deveria ser mais que uma coincidência, então eu a olhei e...
... Silêncio.
Desviei o olhar. Continuei andando. Ela veio atrás de mim, passou por mim, não me viu, entrou. Está morta.

Não fui á floresta hoje.

Thursday, April 24, 2008

i'll stop it somehow...

Estava quase desistindo novamente, foram dias e dias de compulsões...
Olhando nas minhas anotações deste mês, eu vejo o quanto eu regredi em relação ao começo de ano, aliás, não só na Ana, e sim em toda a minha vida.
Transformei meus estudos em um caos, matérias todas atrasadas... faltas...
Droga! Eu jurei que não seria um FRACASSO em 2008.. ah, mas não hei de ser..
Pra isso, eu tenho aqui essa caixa de Sibutramina!
Eu sei que o meu controle não deve se apoiar em cápsulas,
mas se eu não consigo voltar á rotina por mim mesma,
tudo o que está ao meu alcance deve ser utilizado.

Estou sem me exercitar a uns 15 dias. Preciso URGENTE.
Vou me reprogramar para amanhã e a próxima semana,
ahhhh, me sinto péssima. Eu preciso de CONTROLE,
um pouco de auto-estima de volta não seria nada mal...
Comprei uma sandália linda hoje, mas eu nem saio. =/
E mesmo se saísse, não fico bem em nada.
Mas um dia eu hei de ficar, e hei de ter alguém ao meu lado para me reconhecer como quem eu realmente sou.
É, isto é parte do sonho, chega de me distanciar dos meus sonhos.
Eu vou recomeçar tudo.
É uma vida de recomeços, eu sei. E sim, me canso.
Falando em cansaço, estou com um péssimo vício em energéticos. ¬¬
E ainda assim, um sono incontrolável...
espero que agora com a Sibutramina isso passe.

Continuo cansada. Deus... vomitar cansa.
Não acredito que quem não conheça o que é ser bulímica por anos consiga entender o quanto é físico e psicologicamente cansativo vomitar.
O meu corpo implora que eu pare,
mas eu não posso...
A minha alma já não suporta mais tanto tormento,
mas eu não sei mais parar...
I CAN'T STOP IT TODAY.

Um dia, por um momento, eu vou poder descansar,
e então tudo terá valido a pena.

Tuesday, April 22, 2008

die living

Há tanto que eu quero..
e tudo pode estar perdido em um momento.
eu quero poder subir na balança
e encontrar um número desejável.. saudável
.. cuidar de mim;
quero que as marcas do passado..
não me punam mais..
não me punam mais..
eu não quero continuar machucando a mim mesma.
hoje eu percebi o quanto eu sou especial,
talvez os olhos dela estejam procurando por mim também..
como eu posso ser tão cruel com alguém assim?
tudo deve ser retribuído, as leis são ondas..
eu começo, tu terminas
independência..
comunicação..
cheiro de passeio no carro á noite;
mãos dadas de sobretudo,
choros, segredos confessos, brigas, reconciliações..
momentos. eternos.
king size LIFE com ela do meu lado,
eu vou te abraçar até entrar em seus sonhos
porque acima de tudo, é vital.

eu devo continuar. até o fim.
nem que a minha fonte seque,
e os meus desejos se apaguem
até enquanto eu respirar vida.
injusto culpar-me pela ambigüidade..
é karma: de quem é tudo ao mesmo tempo.
mas está tudo no ideal.. ainda.
e como eu fico AGORA?

...

Eu vou ficar bem.
Eu tenho essa força que não posso conter.
Vou até o fim para entender, me entender...
entender tudo ao meu alcance.
Hmm.. tentar ao menos.. hehe.
É bobo permitir que uma doença sirva como desculpa
para que eu não tenha o que mereço, certo?
Então eu volto a acreditar.

and... I'll go back to treatment. For real.

Monday, April 21, 2008

Alguém deve denunciar...

Não há tempo para tudo o que devo descrever.
Me aflijo, a minha mente deve ser examinada, escavada, .sofrida ...
até que o último neurônio escritor se arrebente.
Eu não posso deixar o mundo sem lhe dizer quem sou,
mas tantos têm a mesma pretensão.

Quem de nós irá ganhar dessa vez?

Sunday, April 20, 2008

seasons come and go, I will rise again... somehow.

Estou procurando algo nos meus textos que não sei o que é.
Talvez um pouquinho de verdade. Um pouquinho de mim. Sinto saudade.
Pelo menos aqui eu minto menos... estou sempre mentindo a todos,
não tem nem graça mais as conversas,
porque estou tão perdida que ás vezes me esqueço qual personalidade eu uso com quem,
sei que me julgam falsa, mas é exatamente o oposto... ou não.
A questão é que não faço por mal, isso sim é oposto,
eu faço porque tenho esse senso de obrigação de sempre querer o melhor para os que estão ao meu lado,
por isso eu minto pra você.
Me conhecer não faz bem a ninguém.
Eu deveria carregar algum tipo de aviso "não se aproxime!",
não tenho intenção de contaminar ninguém com a minha amargura.

Me sinto leve mas estou pesada. Isso é a Fluoxetina sentindo por mim.
... Não ligo. Eu vou deixá-la assumir as rédeas por um tempo.
Vou desaparecer de mim. Quando tudo não for tão dolorido, eu voltarei.

Eu voltarei... um dia eu voltarei.

Saturday, April 19, 2008

quem é você agora?

Um corpo que definha.

E antes:
cheguei sedenta, havia corrido demais e durante muito tempo,
bebi água do copo do amor, mas escapou das minhas mãos,
cacos no chão...
Minhas lágrimas têm todo o peso do desconsolo.

Ao menos eu sonhei que foi assim.

Thursday, April 17, 2008

bulimic aftermath

Minhas palavras são fugitivas.
Esses são os pensamentos que escaparam.
É o que eu pude revelar nos momentos em que a satisfiz,
o que eu deixo para quem deseje entender.

Nenhum glamour em rodar padarias ou supermercados comprando comida e escondendo na mochila.
Nem em desperdiçar meu dinheiro com comida e remédios enquanto eu poderia estar comprando cultura, ou algo que o valha.
Em comer tudo aquilo, comer até passar mal, até sentir que estou explodindo, até olhar no espelho e ver que pareço uma grávida: grávida de um supermercado.
Ficar de cara na privada e dedos na garganta.
Gostar do alívio quando finalmente consigo vomitar.
Na amidalite e estomatite causadas pelo ácido gástrico na minha garganta e boca.
Nenhum glamour em sentir dores insuportáveis no esôfago e estômago.
Nem nos meus dentes corroídos.
Ou nos sinais das minhas mãos consequentes do atrito com os dentes.
Nesse hálito de quem não come.
Nesse cansaço de quem vomita.

Bulimia não é um momento Kodak.
E eu definitivamente não sou uma modelo Calvin Klein.

É só isso que quero fazer entender.
Não tem nada a ver com ser a mais linda, e sim com não ser absolutamente nada.
Não é que eu queira morrer, é que sinto culpa em demasia por viver.
Quero estar na linha de frente, mas meus inimigos não declaram guerra: a Guerra Fria da minha mente.
Sou a resistência. Toda resistência está fadada a cair. ... Mas também a ressurgir, cedo ou tarde. Seja por mim, ou qualquer seguidora.

A comida destruiu minha alma e meu corpo.
A bulimia... destruiu minha vida.

A vida agora é mais curta. A espera foi longa.
Nenhuma salvação chegou.
Eu alimentarei o falcão.
Nada mais a ganhar. Nada a perder.
Você só é realmente livre quando não há mais nada.

Meus sonhos estão mortos.

Wednesday, April 16, 2008

deep waters

Estou sem paciência, então vim pra cá...
É melhor se dar o luxo de quebrar o silêncio aos passos das teclas do que andar ansiosa pelos cômodos.
Meu caráter está afundando, eu tenho sentido uma crueldade que não é minha, sinto culpa. Mas me sinto bem, mais livre do peso, estou andando mais leve... mais determinada... e mais cruel.
O peso da compaixão, o peso do amor estão se dissipando.
Meus sentimentos somem junto á névoa da manhã.
Eu morro todos os dias e ressuscito á noite, porém quando é hora de viver, já é hora de dormir. ...
E sonhar com espelhos, que reflitam qualquer coisa além dessa garota tola que se debate nas águas da existência, e se afoga... e se afoga... e se afoga...

Monday, April 14, 2008

I can never be beautiful again.

Não quero ler, prefiro o velho ritual de organização noturno...
preciso escapar dessa tristeza.
Sem espaço para ser. QI inferior, estrutura precária,
eu sou destruída. Dói saber que meu esforço é em vão.

Deus ... O que está acontecendo comigo?

Quantos rabiscos difusos...
Onde está a minha vida?

Sunday, April 13, 2008

sexo bulímico

sedução gastronômica
entrada urgente
masturbação estomacal
gozo na privada


~~
orgasmos múltiplos. alívio. arrependimento.
vamos fingir que nada disso aconteceu.
mas eu volto e quero mais.
sábado á noite. bulimia day.
abstinência...
contenha-se em platonismo.

doentio. (é tudo o que há?)
[...] há uma vida melhor.
e haverá de ser minha.
~~

Friday, April 04, 2008

I love my killers.

Você é meramente uma phantasia, me culpo por possuí-la,
mesmo que você só possa habitar a minha mente...
Você cresceu dentro de mim. Já fui assim com outras, e desde sempre eu exagero. Mas você cresceu DEMAIS.
Eu temo que essa esquizofrenia se acelere e que eu me perca antes do previsto.
Então conhecerei a verdadeira privação.
Perto do que está por vir, tudo o que foi não passa de brincadeiras.

- Isso é que você ganha por viver de ensaios.

É difícil ser somente um rascunho,
um suicídio quântico de todas as personalidades,
sentir que qualquer um poderia ter me salvado,
e me sentir imprestável o tempo todo...
por não ser digna de salvação.

Eu sou igual a muitas que possuem tal comportamento esquivo,
todas nós estamos morrendo um pouco a cada dia.
E de forma alguma, poderíamos nos ajudar.

Meu corpo é uma cela.
Minha própria extinção é a única chance de liberdade: será possível PAZ diante disso? Creio que não.