Sunday, September 28, 2008

Náusea

A minha impressão era que nesses tempos,
eu já teria acabado com essa necessidade de circular.
E que a brincadeira seria nova!
Os anos passam e ainda me seguro,
passam, e ainda espero
passam por mim: cidades, trens, pessoas...
giro giro nesse carrossel, nesse carnaval
de um lado a outro, de um bloco a outro,
estão todos no mesmo círculo.
O que está dentro, e o que está fora -
transforma-se em uma só maquiagem borrada,
se sou apenas uma marionete, quem pintou esses olhos?
Lá fora, outros vêem o céu, com olhos estrelados,
nenhum semblante é tão grave quanto o meu.

Giro tão rápido, adrenalina me faz calmamente feliz,
nada mais...
A luz é um raio colorido, contínuo,
nada mais...
Os rostos são todos desfigurados, com dentes e gargalhadas,
nada mais...

Em mim, o mundo parou -
numa volta eterna, círculos infinitos,
sem começo, sem final -
vida cíclica, enjoada.
Por que eu espero que algo venha me buscar.
Descer parece-me perigoso,
talvez eu me perca pelo parque,
então nunca mais poderei achar o que procuro...

Andar sozinha ou girar sozinha?
Enjôo todos os dias.

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