Tuesday, January 20, 2009

Para que não me veja

Quis um pouco mais de privacidade, eu ando aterrorizada quanto a idéia de perder minha independência. É um temor que me deixa petrificada.
Eu estou triste. Há semanas eu ando por aí carregando o peso de não saber nada, sempre enjoada, sempre desejando vomitar minha vida. Não, não estou vomitando, afinal, todas as angústias que já coloquei para fora não me deixaram 1 grama mais leve.
Por anos eu dependi da minha criatividade para viver. Criava mundos, situações, com qualquer coisa que meus olhos pudessem ver eu criava uma história, e me inseria ali, por horas, dias, meses, anos...
Tive sonhos e os perdi. Quis pessoas e não as tive.
Eu quis tudo o que alguém pode querer e mais um pouco...
É que querer, é uma distração, é um sentido. Se você quer algo, você pode afastar seu sofrimento. Criar obsessões e insistir nelas até quando... nunca se sabe até quando.
E foi isso o que aconteceu comigo: a minha mente deixou de criar.
Eu deixei de ser um emaranhado de sonhos, emoções, uma criadora de coisas maiores que a realidade. Eu olhei profundamente e me encontrei! (Ah, como agora eu desejaria ter escapado disso! Se eu pudesse voltar atrás, eu correria dos meus olhos, se eu pudesse eu pediria pra esquecer que eu me encontrei!).

Porque eu encontrei o nada.
Encontrei um infinito branco, vazio e desesperador.
Há manchas de sangue nessa brancura aparentemente pura: sangue de outros que eu derramo, sangue que derramaram de mim, e o sangue das minhas lâminas na solidão, esse sangue que mostrou a vida que existia em mim todas as vezes que me senti morta.
Porque eu tenho tanta vida em mim, tanta vontade de SER e de ESTAR, que eu vivo sufocada por isso. Sei que sou cansativa, são todos esses meus assuntos que discuto, a tristeza, a complexidade, e a falta de explicações... Tudo isso cansa os outros. Cansa os que amam, e os que poderiam me amar.

No comments: