Friday, April 25, 2008

In The Forest

Eu amava-os. Todos os dias quando eu os via, meu estômago afundava, era contorcida por um sorriso incontido e a euforia de pentencer me aquecia, eu receava que percebessem a minha felicidade, nunca perceberam.
A minha doença é o Silêncio. Eu havia decidido que aquele ano seria diferente, romperia a barreira do meu vício em fantasias e acolheria o real. Mas em resoluções feitas em fantasias, não há base para os problemas futuros. É fácil demais voltar ao mesmo ponto. Eu me sentia escondida em uma cabana escura, eles eram minha floresta, havia um pequeno buraco na minha janela, imperceptível aos de fora, mas poderia conter todo o meu olhar, e de lá, eu os observava, e sorria... sorria por estarem lá. Eu tenho medo de luz, então quando os raios de luz clareavam, eu me abaixava e novamente me escondia, não os via então, mas não entristecia, a memória era suficiente.
Amava-os. Mas em momento algum considerei abrir a porta e sair ao seu encontro. Seria doloroso demais passar tão cheia de amor, e saber que não seria vista.
Porque eles se reuniam ali, eu nunca entendi. Eu lia os motivos em meus olhos, comigo era sempre muito fácil de perceber: sou transparente. E invisível, para alguns (para todos). Os olhos dos outros são mecânicos, olham para os lados sob algum chamado, nunca por curiosidade, e são olhos opacos, sonolentos. Eu procurava brilho, olhava a todos nos olhos, nunca viam os meus, e também eu já estava desistindo desse brilho, até que eu me perdi em águas esverdeadas... e cabelos de fogo. Eu a senti! Logo eu sabia que deveria acordá-la, minha Bela Adormecida estava viva, viva! Mas dormindo... dormindo em pé. Quem era eu para julgá-la? Ela dormia em pé, e eu sonhava acordada. Ela morria em vida, e eu vivia na morte. Eu precisava ensiná-la, e ela teria que ser a minha chave, ela teria que abrir esta minha porta.
A minha euforia atingiu o ápice, eu a vi na mesma hora e mesmo lugar que eu, deveria ser mais que uma coincidência, então eu a olhei e...
... Silêncio.
Desviei o olhar. Continuei andando. Ela veio atrás de mim, passou por mim, não me viu, entrou. Está morta.

Não fui á floresta hoje.

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