Thursday, December 11, 2008

o jardim sintético, as flores inventadas

Apaguei as luzes, saí e fechei a porta,
não olhei para trás, desci as escadas,
ela me perguntou se eu estava preparada.
Mal suporto responder!
Do vazio que amo, do som que não saiu certo,
da vida que se desviou.
Quase um grunhido de bicho assustado!
Mais tarde a advogada me defendeu do meu pânico,
disse que não me reconheceu,
confundiu-me com alguém livre...
De sangue vermelho, veias azul-esverdeadas.
Sem rabiscos de esteróides, riscos de lâminas...

Eu que nas noites desfilo na beira do abismo,
arrasto a barra suja do vestido,
e embalo o coração como a uma bebê,
um dia encontro o amanhecer e logo,
o demônio do meio dia já está aqui.
Quanto ênfase na sabedoria! Nessa procura
de aroma, de cor;
como se fosse uma flor,
como se fosse bela. Se
o espinho da dor inflama, arde,
e me acorda da distração.
As flores me deixam sonhando...
Até mesmo as que brotam da minha dor,
intorpecentes menos do que eu desejaria,
e alguns dias mais...
Desfaz-se e morre.



Fecharam-se os túmulos e recusei-me a olhar,
pensei ser inútil,
que a vida já não estava mais lá.

No comments: